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Aceredo

Na estrada de Viana do Castelo para Ourense passamos o Lindoso no parque Natural do Gerês e já em Espanha, cansados de curvas e contra curvas, descidas e subidas de montanha encontramos um pequeno engarrafamento.

Carros e pessoas acumulavam-se nas bermas e fora delas. Parecia uma romaria, mas não havia foguetes, nem barracas de feira. Poderia ser um spot turístico mas não vimos guias nem souvenirs. Talvez uma romaria mas não se ouviam sinos nem se viam andores.

Vereda abaixo pela encosta da montanha entre pedragulhos, matos, carrascos e arvoredo avistámos Aceredo.

O silencio preenchia a surpresa.

O burburinho das gentes na beira da estrada desvaneceu-se.

Fala-se pouco e baixo e olha-se muito ao redor.

Cautelosamente caminha-se por entre ruelas e paredes todas secamente enlameadas.

Aqui não caiu um bombardeamento,

nem um tsunami,

nem morreu ninguém,

tão pouco se encontram sobreviventes,

que nos expliquem ou contem histórias,

resta-nos deambular sem destino pelo labirinto.

Aqui e além, solas de borracha de sapatos velhos, restos de mobilias e muito pouco, que não valia a pena resgatar.

A aldeia de Aceredo foi submergida depois da construção da barragem do Lindoso

e desde então pouco mais alguém a viu.

Durante muitos meses sem chuva,